No universo jurídico, onde decisões dependem de prazos, lógica e clareza mental, uma rotina desorganizada pode ser fatal. O excesso de tarefas, a sobrecarga de informações e a ansiedade por resultados comprometem a produtividade de advogados, concurseiros, servidores e estudantes. Nesse cenário, aplicar o método GTD (Getting Things Done), criado por David Allen, pode ser o divisor de águas entre o caos e a excelência profissional.
GTD é uma metodologia de produtividade pessoal que tem como objetivo principal libertar a mente do acúmulo de pendências e pensamentos dispersos. Para isso, propõe um fluxo sistematizado de captura, organização, revisão e execução de tarefas. A premissa central do método é simples, porém poderosa: sua mente deve ser usada para criar ideias, não para armazená-las. Esse princípio tem aderência absoluta ao cotidiano jurídico, onde clareza e foco são ativos indispensáveis.
Fase 1 – Captura
O sistema GTD começa pela captura. Tudo aquilo que exige atenção — seja a leitura de um acórdão, a resposta a um cliente ou um edital recém-publicado — deve ser tirado da mente e registrado. Pode ser em um aplicativo como Notion ou Todoist, ou mesmo em um caderno. O importante é esvaziar o cérebro de preocupações recorrentes e reunir todas as demandas em um local confiável e único. Esse hábito reduz a ansiedade e permite que o profissional do Direito atue com mais serenidade.
Fase 2 – Clareza
Em seguida, vem a clareza, ou o processamento das informações capturadas. Cada item listado deve ser classificado: é uma tarefa? Uma ideia para futuro? Uma referência útil? Se for uma ação concreta, ela deve ser detalhada com um próximo passo claro, preferencialmente com tempo estimado. Esse exercício de decodificação de tarefas é fundamental para que o operador jurídico não confunda “pesquisar jurisprudência” com a meta genérica “resolver processo X”.
Fase 3 – Organização
Continuando, a etapa de organização é o coração do GTD. Tudo precisa estar alocado em categorias adequadas. Tarefas urgentes vão para uma lista de ações imediatas. Prazos processuais podem ser inseridos em um calendário digital. Leituras doutrinárias entram em uma lista de referência. Ideias de artigos ou petições podem ser arquivadas em uma pasta criativa. O critério é criar sistemas confiáveis que permitam foco absoluto na execução, sem retrabalho ou duplicidade de esforços.
Fase 4 – Reflexão Periódica
A reflexão periódica — muitas vezes negligenciada — é o diferencial do GTD. Sem revisões semanais, a estrutura entra em colapso. É nesse momento que o jurista analisa seus compromissos, ajusta prazos, realoca prioridades e garante que nada relevante escape do radar. Em um ambiente onde cada detalhe pode influenciar uma sentença ou uma banca examinadora, essa revisão metódica é um escudo contra o esquecimento e a procrastinação disfarçada.
Fase 5 – Execução Focada
Por fim, temos a execução focada, que consiste em agir sobre as tarefas definidas com clareza e no momento oportuno. No Direito, essa etapa é onde o profissional brilha: redige a peça, estuda a doutrina, responde ao cliente, protocola uma manifestação. Como tudo já foi estruturado antes, a energia é concentrada na qualidade da entrega, e não no improviso do momento. O resultado é mais eficiência, menos stress e uma reputação profissional sólida.
Considerações Finais
O método GTD se adapta perfeitamente às diversas realidades do Direito. Um estudante pode organizar os tópicos da OAB e distribuir seu estudo por temas. Um advogado pode controlar prazos, reuniões e estudos com o mesmo sistema. Um servidor pode garantir agilidade e transparência na tramitação de processos. GTD é mais do que um método de produtividade: é uma filosofia de vida aplicada ao rigor e à ética do mundo jurídico.
No contexto digital, ferramentas como Todoist, Trello, Notion e Evernote podem ser usadas para estruturar cada fase do GTD com eficiência. Aliadas à Técnica Pomodoro, criam um ambiente de estudo e trabalho jurídico onde foco e controle caminham juntos. Essa combinação é estratégica para quem deseja aprovação em concursos, performance na advocacia ou protagonismo acadêmico.
Ao adotar o GTD, o profissional do Direito transforma ansiedade em clareza, desorganização em fluxo produtivo, e confusão mental em assertividade. Em um meio onde o tempo é precioso e a mente é o principal instrumento de trabalho, aplicar uma metodologia racional e eficaz como essa é uma decisão inteligente e transformadora.
Organize seu Direito. Organize sua mente. GTD é o caminho.